Davi

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Depoimento 11/09/10

Obrigada por ser meu amigo. E é só isso o que eu tenho a dizer. E me desculpe por não fazê-lo sempre, todos os dias. Só você e Deus sabem o quanto é difícil lidar comigo e com a Anne, e você faz sua parte muito bem, de forma exemplar, eu diria. Rs

Confio nessa amizade bonita que construímos. A minha galera já não é tão divertida sem você, Davi. Eu te amo muito. Muito, muito e muito. Meu amigo!

Bella

Depoimento 22/12/2009

Quando eu converso com as pessoas, seja quem for, e elas se admiram pelo que eu falo ou pelo meu poder de compreensão, de apoio, pelas palavras certas e o carinho subtendido em todas elas; sempre me vem a vontade de dizer que aprendi com você. “Ah, mas isso foi o que a Bella me disse um dia desses”, “foi a Bella quem me disse que devia ser assim.” Você representa a minha vida escolar, os meus melhores anos. Pode até ser que, com o tempo, coisas melhores venham, pode ser que eu seja mais feliz... Mas, “o passado não sabe o seu lugar, sempre está presente.”

Boa parte do que sou, sou por você, com você, pra você, graças a você. Boa parte do que sei, do que aprendo e do que ensino. Obrigada, então. Eu te amo - pra sempre, “mesmo que você já não queira ou não lembre".

Depoimento 30/08/2009

Tu é a minha paz, é aquela tranquilidade em dias difíceis. Acho que sentiria tua falta mesmo sem te conhecer. Amigo, hoje em dia, tá difícil de arranjar. Obrigada, então, por ser aquela velha amiga, aquele velho amor de antes, de hoje e de sempre.

Depoimento 08/07/2009

tem razão... eu te amo desde sempre mesmo

Fernanda



Depoimento 28/10/2010

"Eu sou sim a pessoa que some, que surta, que vai embora, que aparece do nada, que fica porque quer, que odeia a falta de oxigênio das obrigações, que encurta uma conversa besta, que estende um bom drama, que diz o que ninguém espera e salva uma noite, que estraga uma semana só pelo prazer de ser má e tirar as correntes da cobrança do meu peito. Que acha todo mundo meio feio, meio bobo, meio burro, meio perdido, meio sem alma, meio de plástico, meia bomba. E espera impaciente ser salva por uma metade meio interessante que me tire finalmente essa sensação de perna manca quando ando sozinha por aí, maldizendo a tudo e a todos. Eu só queria ser legal, ser boa, ser leve. Mas dá realmente pra ser assim?"

Tati Bernardi

Lembrei de você imediatamente. Talvez por sermos assim, meio boas, meio más, meio bobas e tolas, meio diferentes e meio iguais. Mas inteiramente amigas.

Depoimento 05/09/2010

E tudo de bom que o Davi sempre me diz sobre você, multiplico por dois e elevo ao quadrado. Que prazer ter te conhecido, e que prazer te ter comigo. Miguxa linda!

Lidi

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Depoimento 28/10/2010

Sabe quando você recebe um presente, daqueles bem inesperados, que te arrebata numa quinta feira qualquer e te arranca um sorriso doce quando você já achava que mais nada de bom poderia acontecer naquele fim de dia que, até então, havia sido comum? Pois bem, muito obrigada. Suas palavras foram tão meigas e queridas, que me deixaram com gostinho de quero mais. Que me deixaram com uma vontade imensa de retribuir, de demonstrar reciprocidade. De escrever algo tão simples, mas ao mesmo tempo tão adorável, que te tocasse e te fizesse sentir um pouco do que eu senti. Obrigada por se dar e me dar uma segunda oportunidade, por permitir essa aproximação que nos faz bem. É bom, é muito bom tê-la por perto, acredite. Você é uma das minhas pérolas na uece, é uma das razões que torna aquele lugar tão terno. Que a responsabilidade e a disciplina te acompanhem por toda a vida, que o amor continue pulsando no seu coraçãozinho e que flores amarelas continuem florescendo no seu rosto lindo. Mil beijos, florzinha.

Perdida

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Você trouxe entendimento à minha vida afetiva de uma forma serena, harmoniosa. Tornou-me mais consciente de coisas que preciso melhorar para que a nossa relação amorosa se torne mais proveitosa. Você trouxe paz aos meus dias, alegria. Trouxe maturidade, equilíbrio, serenidade, contentamento. E isso me torna eternamente grata a você. Só eu sei das coisas que levarei dos sonhos que construímos. Só eu sei das coisas que escrevo sobre nós dois. Das coisas que sinto quando estamos a sós. Das coisas que me diz ao pé do ouvido. E eu acho mesmo que estou perdidamente apaixonada. Assim, perdidamente.

Soneca

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Eu quis te conhecer, mesmo sem saber. Mesmo sem saber se você seria o rapaz de olhos claros por quem eu esperei. Mamãe e seu crochê se assustaram ao perceber que lápis de cores estavam espalhados pelo quarto. O quadro branco estava rosado. A cocha de cama azul estava florida como meu vestido estampado. As paredes amarelas estavam agora amareladas de raios de sol que cortavam o verde das macieiras, e laranjeiras, e mangueiras. E aquele ninho de colibris que desenhei. Pintei também um sorriso, desses bem bonitos. Pintei o chão, meu coração. Mas e o amor, deixei de sua própria cor, cor e tom, e o som, o som das batidas agitadas. Mas e o rapaz que conheci. O deixei ali, assim, não resisti ao ver aqueles lindos olhos pretos rindo para mim. E ah, meu Deus, diga que esse lance está predestinado, e que serei assim, eternamente assim, sua, minha. Eu e você, juntos até o fim. Fazendo da difícil eternidade o nosso lar, da cama a nossa casa. E se a minha saudade apertar, entenda, meu bem, é só a expressão da minha imensa vontade. Eu quis te conhecer, e eu não vou te perder, pra não me esquecer de como é ser...

Anninha

quinta-feira, 23 de setembro de 2010



21/02/10

Como eu posso amar tanto? Nosso professor de interpretação disse certa vez na minha sala que o que amamos não é o outro, é aquilo que o outro tem que nos agrada, é a nossa parte, nossa característa, nossa qualidade falha que no outro é impecável. Acho que com a gente as coisas funcionam assim. Os teus pequenos defeitos são em mim bem mais perceptíveis, e aqueles meus pontos prodiletos, os traços que mais gosto em minha personalidade são, justamente, o que você mais me mostra todos os dias. E eu te amo, amiga! Mesmo você adorando um caldo, uma carna moída ou um macarrão.


16/07/10

Eu te amo, e agradeço sempre por ter alguém como você pra dividir a vida. Não alguém como você, mas você. O que construímos não é mutável, é perpétuo.

"Boas e bobas são as coisas que penso quando penso em você."

minha amiga linda!

O dia em que o amor nasceu




Olha, vamos partir do pressuposto de que sou sua filha e de que, com isso, estou apta a usar os clichês “te amo para sempre”, “você é a melhor pessoa do mundo” e “eu não existo longe de você”. O que nos diferencia é o fato de que eu realmente amo, admiro e não vivo sem. E eu sei que não sou a melhor pessoa do mundo, definitivamente. Mas tudo o que eu tenho de bom, aprendi com você. E o que eu tenho de ruim, desculpe,foi o mundo quem me deu. Não se sinta culpada por isso, você foi e é perfeita em seu papel. É uma mãe exemplar. E eu me encho de orgulho por ter sido criada por você, da forma como fui e ainda sou. Desculpe-me pelas vezes em que peco no comportamento, não é por maldade ou falta de consideração, e isso eu posso te jurar. Posso gritar e esbravejar, do fundo do meu coração, que você é a dona da metade de todo o amor que eu tenho e que a outra metade foi você quem me deu, e que aquilo que te dói, dói mais em mim, e que aquilo que eu faço em ti doer, me mata aos poucos. Mas eu não sei ser diferente ou fazer diferente. Ainda assim, somos mãe e filha, e isso é bonito, é muito, muito bonito, porque mesmo em meio à discórdia, ainda seremos loucas uma pela outra. Você é a única certeza que eu tenho na vida. Eu não estou certa sobre meu curso na universidade, sobre a profissão que pretendo seguir. Eu não sei se posso confiar em todos os meus amigos, em todas as minhas escolhas. Eu nem mesmo sei se quero pintar meu cabelo ou não. Mas enquanto você estiver aqui, eu posso me orientar. Vou lembrar de você a cada passo que eu der, seja em falso ou não, vou recorrer a você em todos os momentos. Enquanto eu respirar. E se tem uma coisa que eu aprendi, é que, independente de convivência ou sangue, nós escolhemos amar. O amor é uma escolha. Uma escolha diária. Escolhemos através dos comportamentos, sentimentos, pensamentos e de toda a subjetividade que há em uma pessoa. A conhecemos por inteiro, e isso não remete a algo físico, mas a algo ético e moral. E eu escolhi amar você. Eu escolhi amar o meu pai, o meu irmão e até a namorada que ele agregou à família. Eu não sei se teria o poder de decisão, se poderia encontrar outra família ou não, mas isso não me importa. Porque, mesmo com todos os problemas e com todas as dificuldades, eu continuo persistindo na minha escolha, eu continuo escolhendo vocês todos os dias. Desde os dias que passaram há todos os dias que virão. E isso é o que chamam de amor. E isso é épico, é bonito. E isso é o que me enche de certeza de que o nosso caso está fadado a ser eterno. E se nada acontece por acaso, e se somos guiados por um ser superior, não se esqueça de que as coisas ficam mal, para que possamos aprender a apreciá-las quando estão boas. E que coisas boas se separam, para que coisas melhores se unam. Isso é família, nunca abandonar ou esquecer.

“Eu te amo para sempre”, “você é a melhor pessoa do mundo” e “eu não existo longe de você”.

Que Deus te abençoe, mamãe.

23/09/2010

Amizade!

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Depoimentos:

Para Iana - 02/09/10

Olha, é bonito, é muito, muito bonito ver como a nossa amizade resiste à distância. Há tempos não nos vemos, não trocamos minúcias do dia-a-dia nem damos aquelas risadas escandalosas próprias dos nossos encontros. Mas, ainda assim, estamos juntas. Mas, ainda assim, sentimos necessidade de manter contato, de compartilhar aquelas novidadezinhas de sempre. As mesmas histórias, mas com outros personagens, sempre devidamente dividas com a outra, por nada, nada em troca, só o prazer de sentir que aquela pessoa querida ainda faz parte da nossa vida. Olha, eu espero que você saiba que nenhum bolo de chocolate se compara ao da sua casa, que nenhuma cachorra é mais gordinha que a sua e que nenhum cabelo é volumoso e bonito como o seu. Isso eu espero que você saiba agora. Mas todo o amor, respeito e admiração que eu sinto por você, isso você já está careca de saber. E se a distância não nos distanciou, e se qualquer nova amizade não nos abalou, é porque a nossa tem aquele cheirinho especial e típico, aquele cheirinho de hortelã que sentimos ao entrar em contato com o astral de uma amizade bonita. Tão bonita.

Que Deus te abençoe, amo você.

Para Sávio - 26/08/10

Certo, vamos começar pelo pressuposto de que o semestre está acabando e de que isso me deixa extremamente temperamental. Eu aprendi, na uece, um pouco de Semântica, um pouco mais de Literatura, Saussure e até mesmo de Latim, mas, dentre todas as coisas vividas, o que mais aprendi foi sobre a intensidade de uma vida universitária. Diferentemente do ano letivo no colégio, temos apenas quatro meses para conhecer, amar e conviver. E se antes eu achava que algo assim fosse impossível, algumas poucas pessoas me fizeram entender que não só é possível, como é verdadeiro também. Você é absolutamente uma delas. Em poucos meses na uece, eu detestei, adorei, amei, odiei, sorri, chorei, me apaixonei, brinquei muito, me diverti demais e conheci você, uma das melhores pessoas que já cruzou meu caminho, e, veja bem, não foram poucas. Você é maravilhoso e todo mundo quer um pouquinho de você todos os dias, então, tenho aprendido a engolir meu ciúme e a dividi-lo com os demais. E, como eu disse no depoimento que escrevi pro Thiago, quero você comigo na próxima, está bem? Não só na próxima, mas em todas. Já disse que te amo hoje?

Para Thiago - 26/08/10

Olha, o primeiro semestre está chegando ao fim e eu sempre me sinto nostálgica nessas ocasiões, nessa estação de fim e recomeço. E quando penso em tudo o que vivi durante esses meses, em todas as coisas que aprendi e em todas as pessoas maravilhosas que tive a oportunidade de conhecer e conviver, eu lembro de você. Do seu jeitão distraído e inibido, mas, principalmente, do seu carisma característico. Diversão, confidências e semelhanças. Sou grata pela sua amizade, mas também pelos intermináveis carinhos durante as nossas aulas. Você não é só o rapazinho lindo e fofo por quem as menininhas da uece se apaixonam diariamente, pra mim, você é lindo de todas as formas, como criatura, me entende? Pois bem, amigo, vou encerrando esse depoimento emotivo com a certeza de que estaremos juntos na estação que vem.

Me ama!

O que houve de errado?

quarta-feira, 1 de setembro de 2010



Olha, namoro é uma coisa muito séria, uma responsabilidade muito grande. É um compromisso, com toda a carga de significado que a palavra compromisso possa ter. Nós passamos a compartilhar tudo o que fazemos, pensamos e sentimos com outra pessoa, e, como se já não fosse bastante, ainda levamos essa pessoa pra dentro da nossa casa, pra nossa família. É um pacto muito forte e nós devemos, no mínimo, sentir algum prazer com isso. Mas, pra que essa satisfação seja completa, possível, precisamos estar apaixonados. Verdadeiramente apaixonados. E é assim que eu me sinto em relação a você. Então, nós estamos juntos. E eu, sinceramente, nunca pensei que isso pudesse acontecer, mas a cada dia que passa, eu pareço gostar mais de você, um pouquinho mais a cada dia. Eu tenho gostado da pessoa que você me mostra ser, da pessoa que você está sempre disposto a ser comigo, por mim. Quando você está comigo e eu absorvo cada palavra que você me diz, poderia, facilmente, entender como mentira, dessas mentirinhas comuns que contamos quando queremos conquistar alguém. Você é capaz de fazer isso e eu conheço o risco, mas só você, os seus olhos verdes não. E quando eu os vejo, não consigo imaginar que eles, não você, mas os olhos, eu simplesmente não consigo acreditar que eles estejam mentindo pra mim. Nós escolhemos amar, e só podemos fazer essa escolha depois de conhecer bem o (a) pretendente. E conhecer bem não remete a algo físico, mas a algo moral e a toda subjetividade que há numa pessoa. Porque a atração física passa um dia, e imagine-se ficar velho (a) ao lado de alguém que não tem quase nada a ver com você, porque você decidiu se juntar apenas pelo fogo do momento, que é ótimo, mas não é o bastante para uma vida a dois, é fundamental, mas não é o único essencial. Entende o que eu digo? Às vezes eu chego a pensar que você vive muito mais no meu plano da ilusão do que no da realidade. E como seria a vida de nós dois? Você é um jovem carioca tão diferente de mim. São dois mundos muito distintos. Você veio do outro lado do oceano, você veio sabe-se lá de onde e sabe-se lá se irá voltar. Eu não sei se nossas vidas se chocariam e se seriam boas assim, sabe? Juntas. Eu sinto que não é ruim sermos tão diferentes, pelo contrário, isso me instiga. Eu sinto vontade de aprender a fazer as coisas que você faz, eu sinto vontade de saber um pouco de tudo o que você sabe. Eu tenho vontade de abrir mão das minhas noites pela cidade pra irmos juntos ao cinema. Eu vejo isso e acho bonito, eu desejo ter. Nosso relacionamento foge do convencional, daquilo que estaria pré-disposto a dar certo, mas também não está fadado ao fracasso. Nunca lidei bem com relacionamentos pré-dispostos. Eu sinto todo esse desejo de viver e aprender as coisas que você vive e aprende. Não seja perfeito demais, não seja tão cômodo ao ponto de se tornar chato ao passar dos anos. Continue assim, incrível, mas não tão desigual. Tendo a ficar com um pé atrás com pessoas assim, incríveis demais, desiguais demais. Saia da sua zona de conforto, só mesmo se quiser acomodar-se nos meus braços. Talvez você seja um bobo inseguro, pois, às vezes, as pessoas tentam coisas novas para serem diferentes, quando, na verdade, elas querem ser é vistas, reconhecidas. Ou será que você, lindo, saiu daqueles romances literários que eu tanto adoro?

"Os dias nunca são iguais
quando a inocência se desfaz
por não ter mais no que acreditar
Se todo amor não foi capaz
se alguém que você tanto quis já fez a mala
adeus, até nunca mais
Guarda um beijo meu
o que for teu ninguém vai nunca mais tirar
Quem sabe um dia tudo vai voltar
mas agora é melhor deixar..."

sábado, 31 de julho de 2010

Começou quando eu o vi pela primeira vez, há muito tempo atrás. Sua pele era alva, quase pálida e cristalina; e eu só pensava o quão macia deveria ser. Refletia, rosada, à luz do sol. Tratava-se da criatura mais bela que eu já vira. Sem desistência, mesmo sendo consciente de que tal criatura ignorava minha presença; permaneci a admirá-la, contemplá-la, exaltá-la, dia após dia, em todas as minhas manhãs. Não teria mais volta, eu iria vivê-lo, mesmo que nos raros olhares que a mim direcionava. Mesmo que apenas na voz ouvida ao longe, no perfume deixado para trás ou nos sonhos intermináveis e tão reais. Começou, na verdade, quando ele me viu pela primeira vez. Numa quinta feira qualquer, de um julho qualquer, nossos corpos arderam como os raios de sol (...)

Um lar

sábado, 24 de julho de 2010

Uma cadeira é uma cadeira, e sempre será uma cadeira, mesmo que ninguém jamais se sente nela. Mas uma cadeira não é uma mesa e uma mesa não é uma sala, assim como uma sala não é uma casa e uma casa não é um lar. E o meu coração, como qualquer coração, não é um coração sem alguém para amar. Um lar não é um lar se você não tem alguém para encontrar. Alguém que esteja te esperando na sala de estar. Um quarto é um quarto, e sempre será um quarto, mesmo que ninguém se lembre de dormir por lá. Mas um quarto não é um ninho ou um cobertor, e um quarto nunca será um lar se não há amor. A sala ainda será uma sala, mesmo repleta de melancolia; o quarto ainda será um quarto e uma cadeira ainda será uma cadeira. Mas essa casa jamais será um lar se ainda estivermos separados e o meu coração permanecer quebrado. Seu rosto ainda aparece recostado na mobília quando chamo por seu nome, mas é apenas uma ilusão e as lágrimas estão me cansando. Eu não estou acostumada a viver sozinha, querido, "and a house is not a home." Uma casa não é um lar se você não estiver sentado na cadeira da sala de estar. Vou pegar o elevador, descer no décimo terceiro andar e encaixar a chave na porta que ainda será uma porta, mesmo que você já não esteja lá, ainda apaixonado por mim.

sábado, 17 de julho de 2010



Os dias estão bons e bonitos. E felizes também. A minha vida está boa e bonita, como você. Estamos em julho, e aquela chuva rala de ontem veio para florescer o caju. Os passos largos que dou pelo sol matinal representam minha pressa, a pressa de te ver, de encontrar suas bochechas rosadas sorrindo para mim. Depois de tanta espera, de tanto sonhar acordado nos meus dias solitários, tenho pressa. Sei que não vamos viver para sempre, mas por ontem, por hoje, pelo tempo que estivermos aqui, eu quero estar com você. Honestamente, pouco eu sei sobre gostar de alguém. Antes de você aparecer na minha sala de estar e pôr pra fora a solidão, eu não gostava de ninguém, não assim. Não como gosto do seu sorriso e da covinha discreta que nos cumprimenta durante as conversas intermináveis pela madrugada. Não como gosto do café meio amargo que só você sabe fazer. Não como gosto das cores e dos cortes das suas roupas. Não como gosto do mundo, dos automóveis, das crianças correndo descalças pela calçada esburacada. Não como gosto dos seus dentes, do canto desafinado do meu papagaio. Não como gosto do meu controle remoto. Até dos meus amigos, como pode, como eu gosto. Meu amor, com você, até da solidão e da saudade eu gosto mais. Eu gosto de você. Meu amor, com você. Eu gosto. Aconteceu. Os dias ficaram bons e bonitos, como eu. Quando a gente não esperava, sem o sino da igreja tocar. O nosso amor foi chegando de fininho, foi montando o seu ninho com as flores da estação. Todo dia é dia pra ficar com você. Todo dia é dia pra querer construir aqueles planos infinitos de nós dois. Sem que as rosas florescessem, sem que as luzes acendessem ou sem que o céu piscasse para mim, a casa foi ficando mais fresca e bonita, foi ficando iluminada com os passos dados por você. Simplesmente aconteceu nós dois. O mundo está bom e bonito, como par, como a gente. Solidão nunca mais.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Quando a primavera deixou de ser só flor e a noite deixou de ser melancólica, meu amor voltou. Com um quê de saudade, um gosto de vontade e um espírito evoluído de encher a boca d´água. Chamou-me sem mover os lábios. O balanço de seus braços me convidava a dançar, e a rodar, rodar, rodar para dentro de. Quis parar o tempo e todos os clichês do momento, só pra ser, pra ter e contemplar sua fisionomia máscula e arredia, suas mãos macias. Comprei morangos, morangos da estação. E eu espero que você saiba que eu ainda estou aqui, que eu já estou aqui, que eu sempre estive aqui e sempre estarei. E eu espero que você saiba que o teu cheiro está cada vez mais perto, mais poético; remetendo o verão passado, aquele em que nossa única preocupação era manter a pouca roupa, queimando levemente sob o sol matinal. Gravei nossa última conversa, não estou mais tão envergonhada, tenho me acostumado com o teu toque, tua tosse rouca quando toma café e com aquela camiseta azul turquesa. Azul da cor do mar.

Morador do céu

sábado, 8 de maio de 2010

Gostaria de conhecer a sua casa, lembro-me do convite. Tudo bem, já tem tempo, mas, ainda assim, me lembro, pois você olhou para mim e sorriu. Faça chuva, faça sol, seja dia ou seja dito: olá, lua. Eu continuo sendo a única, a única a saber onde você mora. E eu sei, também, que fica bem perto da grande lua no céu. E eu poderia perseguir a estrela cadente que você insiste em usar como armador, acompanhando o seu balanço entre todas as outras estrelas, feito rede em noite fresca. Certo dia eu descobri que esse balanço provoca as marés, as marés que trazem sal aos nossos pés. Não se assuste se eu aparecer, de repente, seja dia ou noite, faça chuva ou sol. Não se esqueça de mim, não se esqueça que está sobre mim todos os dias, todos os longos dias de nossas vidas. Você me conhece, sabe que se estou dormindo, estou sonhando com você. Daí de cima, de onde você está, eu pareço ainda mais pequenina e indefesa. E você nos observa, observa a todos nós. Foi bom o tempo que você passou aqui, comigo, mas, agora, ando meio fraca. Certifique-se de que tudo está bem. Veja se o meu amor está contente, mesmo sem mim. E se ele estiver dormindo, não o deixe sem sonhar. Verifique se ele sonha comigo. Não o deixe sem saber que em todas as noites os seus sonhos serão assim. Eu estou a olhar pra você agora, olhos fixos e encharcados contemplam o céu azul. Eu olho pra você todas as noites, todas as longas noites de nossas vidas. Vejo sua luz, posso até ver meu olhar perolado refletindo no seu. Sempre me dizem, os tolos, que você não vai aparecer. Mas não me importo e, ainda assim, é meu melhor amigo. Meu amigo mais próximo e querido, veja que ironia. E eu te prometo, prometo que nunca vou esquecer as noites e os dias que você me deu, e as outras noites e os outros dias que você me prometeu, pelo resto de nossas vidas. E mesmo que esteja dormindo, não vou deixá-lo sem saber que está sonhando, e que esse é o sonho que divido com você. Faça sol ou não. Um dia você me leva pra morar no céu?

Um pedacinho de você em mim

quinta-feira, 6 de maio de 2010



Eu sei, você vai embora amanhã no fim da tarde, tarde de um março azul. E sinto, aos poucos, meu coração se encher de tristeza e ir rachando, se desfigurando, até que esteja, enfim, partido. As lágrimas que escorrem por meu rosto acariciam minha pele e chegam a minha língua como suco de amora. Minhas mãos acenam, inconformadas com o adeus que não queriam dar. Estou só, só com minha dor preciosa. Minha tristeza é meiga, branda, como uma guloseima fora de hora. Meu coração, agora partido, é assim: um pedaço de você e um pedaço de mim. Faça dele amuleto, talismã, deixe que ele te proteja. E você estará seguro e aquecido até que possa voltar para o conforto dos meus braços. Sinto também a sua dor, vejo que está machucado. Seu coração partiu, como o meu, e um pedaço você me deu. Agora os nossos corações estão completos: um pedaço de mim e um pedaço de você. Nosso talismã e nossa tristeza doce, até que eu possa voltar para o conforto dos seus braços.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Nossa compatibilidade transcende qualquer união de corpos. Nosso elo ultrapassa os ancestrais. Esteja em mim que eu estou em você, e isso já me basta. Tendo o leve cuidado de manter nossa paz intocada. Pois é só assim que vejo, que nos vejo. Num piquenique em tarde fresca do mês de junho. Sua mão macia a acariciar minha palma suave. E uma vontade incontida de mostrar a todos - pássaros, flores, velhos e crianças - que ando a padecer de amores, e o culpado é você. Você que custa a aparecer. Ah, mas sei, entendo que não é fácil encontrar rapazes com aptidão a príncipes. Estou aqui, ainda, a esperar, quietinha, calada, com olhos brilhantes feito bolinhas de gude. E espero porque acredito, e porque acredito, eles, os príncipes, devem existir. E um deles, em especial, deve estar por aí, também esperando por mim. Eu desejo que você queira viver em uma cidadezinha da Europa, onde a gente possa andar de bicicleta por todos os lugares, rindo das ruas manchadas de bronze a nossa volta. Quero que componha músicas e saiba fazer torta de maçã. Venha aprender a dançar. Comigo. Quero alguém que sonhe como eu sonho, para que possamos dividir a vida assim, sonhando juntos. Somando um sonho ao outro e fazendo disso uma deliciosa bola de neve. Faça de conta que nosso conto de amor é mais bonito que qualquer outro, que remete histórias apaixonadas. Uma charmosa e aconchegante rua europeia espera por nós. Vou prender fitinhas amarelas nas traseiras de nossas bicicletas.

Todas as moças têm Amelie em sua essência, o que as tornam fracas e vulgares são os poucos Nino's que encontramos por aí.

Então, moço bonito, esteja pensando em mim por aí, só enquanto eu penso em você por aqui.

domingo, 2 de maio de 2010

Não quero ficar na tua vida como uma rosa desbotada, uma flor com cheiro ruim. Não quero uma história mal contada, um outro princípio após mais um fim. Me mantenha a par da sua vida, faça de conta que ainda imagina que o nosso amor é bem feliz. Eu sei bem que já não tenho tua presença todo o tempo, que teu sorriso não é pra mim. Se acabou, não foi ao acaso, nosso caso não tinha prazo, algo marcado com começo e fim. Eu te trago no meu bolso, em um cheiro, em um gosto, num toque no pescoço... Que um dia eu senti. Sei aonde você mora, se está em casa, sei a hora, se está fora, sinto dor. Apareça se quiser, sinta-se à vontade, tome um café. Ou whisky, se preferir. Teu sabor já não me apetece, teu suor já não me aquece e com tua falta eu sei lidar. Isso não quer dizer que já não te ame, pois, bem sabe, como qualquer homem, que uma mulher gosta até o fim. Não o fim de um romance, cheio de nuances, mas o fim de um existir. Ainda estou aqui, tenho até outro rapaz pra me divertir. Tua existência é precária, mas volta e meia se faz rara nos meus dias incomuns. Vou deixando de te amar, vou parando de cantar aquela música de nós dois. Vou lembrando aos pouquinhos, e saindo de fininho dessa história que escrevi.

Platônico

sábado, 1 de maio de 2010

Comprei um vestido azul, porque soube que é dessa cor que você gosta mais. Posso até morar em Londres, se assim preferir. Posso deixar o cabelo crescer. A verdade é que nem mesmo sei se é de azul que você realmente mais gosta. No entanto, espero que sim, pois, assim é nos meus sonhos. Nos sonhos que tenho com você. Naqueles em que você aparece e me convida a dançar. E, depois de uma ou duas doses, deitamos um sob o outro, sobre o outro, sempre com aconchego, sempre em sintonia. Cantamos uma poesia qualquer e conversamos sobre o desejo de viver da música que corre em nossa alma. Na alma que compartilhamos. Enquanto tontos e apaixonados, ínfima é qualquer agonia, qualquer desamor. Estamos vivendo na extensão da paixão. No extremo daquilo que faz um ser vivo feliz. Então, não demora. Creio que já passe da hora de você me visitar. De bater levemente a porta do meu quarto e conhecer meus lençóis. Não nos vejo a cerca de dois dias, não nos vejo de mãos dadas. Estou agonizando por saudade de você. Por saudade da tua voz e da tua barbicha. Pela falta do teu riso e do teu cabelo ondulado. Corre tua mão rala pelo meu corpo calejado e me beije um beijo apaixonado, como tenho sonhado há uma semana, desde que te conheci, desde que nos conheci. Juntos, entrelaçados, nas lembranças que criei do nosso futuro não tão distante.

É hora de crescer, é hora de filho ser pai.

Estava disposta a conversar com você, a compartilhar minhas idéias, meus pensamentos e, principalmente, transmitir toda a minha solidariedade a alguém que tanto amei. Mas não pude, não posso. As coisas correram, o inverno acabou sem que nos déssemos conta. Lembra de quando nos conhecemos? De como o mundo parecia pequeno para todas as nossas intenções. De como você tornou-se o único capaz de encaixar-se perfeitamente bem em mim. No meu corpo, na minha alma. E se o tempo, agora, continuar a passar? E eu ficar para depois? Como um sonho bom que logo chegou ao fim. Éramos mais que jovens, eu era criança, e, você, criança também. Só sabíamos chorar. Aprendíamos, aos poucos, a amar. Ainda trago seu sorriso na lembrança. Mas, agora, estamos em outra estação. Uma nova primavera. Eu não pertenço mais a sua intimidade, e esse momento é muito intimista, ou não? Venha aqui, venha deitar a cabeça no meu colo e deixe correr solto, livre, teu pranto, teu medo, tua dor e tua alegria. Prometo ouvir com atenção, te oferecer a mão e continuar a amar você. Pelo tempo que for, por toda uma vida. Por toda a minha vida, e mais um dia. Depois, te deixo ir. Te dou um beijo na testa, apenas. E não vou sofrer. Vou continuar a acompanhar tua felicidade, mas de longe, como uma velha amiga que não pode usufruir da tua vida. Vou aceitar que agora, de fato, ela é infinitamente mais importante que eu. Em todas as minhas memórias, você se faz presente. Oro por sua prosperidade e pelo anjinho que abordou sua história. Que ele te traga luz.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Sobre as manhãs:

A manhã é um curto espaço de tempo destinado aos sábios para se tomar café.

Sobre o café:

O café é a arte afrodisíaca que aquece nossas almas em dia de chuva.

Sobre a chuva:

A chuva é a lágrima daquele que tanto chora pela falta de quem ama.

Sobre quem ama:

Eu moro em uma casa pequena, trabalho escrevendo sobre a vida, estudo sobre a arte de escrever e amo um moço que aos sábados, e, somente aos sábados, vem me ver.

Sobre quem se ama:

Tua doçura é tanta que até o teu riso rouco faz cócegas no meu coração.

Quero flores

terça-feira, 20 de abril de 2010

Pouco me importa se interessa às pessoas ou não. Apenas estou cansada de andar pelas ruas recolhendo palavrão. Então, sob meus pés, semeio flores das mais diversas espécies. Se, amanhã, me esbarro com arrogância, colho um girassol e faço dele um belo chapéu. Se mais tarde vejo o preconceito rondar-me, cumprimento um beija-flor que esteja de passagem. Não me incomoda ver a multidão que topa com as ruas nos dias de chuva, presenciar o descaso para com a água limpa que do céu nos cumprimenta, é o que me dói. Para uma menina que vive de sonhar, machuca ver as pessoas que preferem andar pelo asfalto a voar.

Coisa de criança

segunda-feira, 19 de abril de 2010


Perguntei ao papai porque as crianças nascem e por onde elas saem. Se não somos feitas como as sementinhas que brotam do chão, então de onde vêm nossos braços, pernas e mãos? E será que tenho mesmo, já que não o vejo, um coração? E por que sou assim, pequenininha, se tão grande é meu irmão? Mamãe diz que cada um tem sua grandeza, seja pequeno ou não. Poxa vida, ainda me corrigem na escola por eu dizer que não posso sentar atrás da Vanessa, por conta da sua grandeza.
Papai também não soube me explicar porque devo arrumar minha cama, se à noite vou bagunçá-la outra vez. Ou porque meu quarto é rosa, se eu o queria xadrez. Se fantasmas não existem, então pra onde vai toda a gente morta? Se não posso trancar, então por que a chave na porta? Se bebo um copo com água, por que com água devo lavá-lo depois? E por que ao invés de pizza, tenho que comer feijão com arroz?
Mamãe nunca soube me dizer se Deus é ou não brasileiro. E se ele não for, como entende esses idiomas do mundo inteiro? Se o Pequeno Príncipe é menino e a Alice é menina, então por que não se casam os dois e vão pro País das Maravilhas? Também não entendo porque me mandam estudar matemática, se serei bailarina.
Por que existem times, se tudo é futebol? E por que religiões, se Deus é um só? Por que tenho que cantar o Hino Brasileiro, se não sei o que significa? E por que os meninos não gostam das meninas? De onde vem a chuva que cai do céu? Quem foi que inventou o Papai Noel? Por que o céu é azul e não verde-limão? Será que as nuvens são como sabão? Por que meu nariz entope quando to gripada? Pra onde vai o xixi quando dou descarga? O que é uma espinha e o que é que ela faz? Iga! Por que aquela moça tá beijando o rapaz? Como nasce a neve e como os rios enchem? Se a Terra tá girando, por que a gente não sente? Por que o leão é o rei da floresta? Por que você tem uma dobra na testa? Por que ninguém me explica como o mundo foi feito? Ou por que da azar quebrar um espelho?
Dizem que criança nada entende, mas se nos explicam, a gente pode entender. Minha professora me ensinou, e agora eu sei que casa é com 's' e não com 'z'.

Estou feliz,

sábado, 17 de abril de 2010

Estou feliz, realmente feliz, com o rumo que tomou nossa conversa. Seria sexta-feira, não sei ao certo, mas era noite clara e a música que embalava o ambiente me corava a pele, como se eu deitasse sobre a grama em um dia ensolarado e pegasse um pouco de cor. Estava rosada. Agora, subitamente me falha a memória... Poderia ser Pedro ou Manuel, não sei. Senti, simplesmente, sua mão suave circundar minha cintura; seu lábio morno aquecer minha nuca e seu pé descalço aconchegar-se ao meu. Estive pensando por muito tempo. Tantos pensamentos se perderam diante da baderna que me vinha como vida. Alguns se misturavam com o arroz e o feijão durante o almoço. Meu maior pecado, durante toda a vida, foi destinar estes pensamentos a você. Foi dá-los de presente, mesmo sabendo que seriam esquecidos em uma gaveta qualquer. Estive, ontem, a conversar com Pedro - ou Manuel - sobre sua namoradinha. Pois sim, ele a tem, e ama. Enquanto me falava sobre a pobre infeliz, procurava acalentar meu calcanhar por debaixo da mesa. Meu ex amor, te condeno a viver no passado, quero esquecer que um dia nos fiz prometer que este caso estaria fadado a ser eterno. Já nem lembro se teu nome começa com M ou com P...

Meu estranho jeito de gostar... de você

sexta-feira, 16 de abril de 2010


Olha, eu tenho vontade de te escrever quase todos os dias. Poderia te mandar um email ou deixar completar uma das muitas ligações que me servem somente pra ouvir um pouco da tua voz. Mas as cartas, ah, as cartas são mais leves, mais poéticas e aconchegantes, também. Principalmente quando a encontramos, já envelhecidas, dentro de algum dos nossos baús de madeira, daqueles que usamos pra acomodar lembranças. Várias foram às vezes em que gastei meu ocioso tempo e minha caneta perfumada em um princípio de escrita. No entanto, foram as tentativas frustradas de encorajamento o que me fez desistir. Deixei-me acovardar, não quis sair da fadada zona de conforto que a solidão criara. O engraçado, porém, é que não sou assim. Talvez a timidez e as circunstâncias precárias tenham me calado por um tempo, no começo. Mas no decorrer, ao longo de tudo, seja breve ou não o percurso, eu sempre me solto, me precipito e me perco em falatório. Deixo fluir em palavras tudo o que se passa em minha mente. Facilmente eu iria te deixar a par dos meus sentimentos, das minhas intenções. Sempre fora assim. E eu estava certa de que seria sempre a menininha que escancarava o amor, que o rasgava em público e assustava a tantos, mas, principalmente, assustava e afugentava aquele que seria, certamente, o cara de sua vida. Então, você me apareceu. Lindo, formoso, cativante. E eu me deixei levar, me deixei crer que se tratava da criatura mais distinta de todo o mundo. Eu estaria amando você e, ainda assim, o perderia por não saber controlar meu entusiasmo. Terceiros me diziam que eu precisaria disfarçar, ocultar, acalmar. Fiz por medo de perdê-lo, mesmo achando que tudo seria mais fácil se houvesse clareza. Se eu conhecesse os teus reais sentimentos, limpos e frescos, como os meus - que eu não poderia demonstrar. Não me deixaram te amar como eu gostaria, como eu sabia que iria te agradar. Você não me deixou, não me deixa. Sinto que estamos deixando de ser, cada dia mais, o que éramos um para o outro: especiais. Estamos morrendo constantemente, e essa morte é o que me dói. E eu poderia te ligar agora, ou deixar-me concluir ao menos esta carta. Tanto seria dito, mas tanto! Veja só, o nosso amor não é pra amanhã, é pra hoje, feito café fresco que só serve se servido na hora. Aprende, a vida é hoje, a vida somos nós dois. Ainda quero você. Ainda quero que me toque nos cabelos, nos seios. Venha sussurrar carícias ao meu pé do ouvido, venha lamber-me e arrepiar-me os pêlos. Ainda sinto seu gosto na minha roupa. Faça-me esquecer teu rosto, meu nome, nosso cheiro. Não vou mais permitir que essas emoções se transformem em pó. Deixa-me falar, deixa a menininha mostrar que te ama. Benzinho, desistir de você seria desistir do meu padrão de qualidade de vida. Vida, essa vida, feito fita cor-de-rosa.

Meu Telhado Azul

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Quando dei por mim, já estava assim, perdida. A caixa aberta. Papelão. Alguns cadernos rabiscados. Caligrafia pobre, erros no meu já ruim português. E toda aquela distração... Algumas sandálias, entre elas, meu primeiro salto. Um pouco de maquiagem quebrada que, certamente, não irei usar na nova casa. Um novo lar. Uma tinta para o cabelo, aquela que nunca tive a coragem de usar. O segredo guardado a sete chaves embaixo da cama que nunca pude revelar. A embalagem do bombom que ele me deu. O cheiro doce do perfume que já usei. A boneca envelhecida que há muito esqueci. Meu pequeno mundo em uma caixa de papelão. Todas as lembranças, o que há de bom e também o que há de ruim. Recordações amontoadas, angustiadas, tentando se sobressair e ocupar um mínimo espaço dentro daquela caixinha antiga. A promessa calada. "Não mais responder o papai, não mais aborrecer a mamãe. Nada de pesca na escola, nada de doces antes do jantar. Nada de beijos treinados em frente ao espelho, nada de vinganças juradas. Nada de detestar a Vanessa, ou a Paula. Prometo não mais pensar no Rafa, também. Prometo passar no vestibular e entrar na academia. Prometo passar um mês completo na academia!" Todas aglomeradas, apertadinhas. E o primeiro beijo, tantas vezes recordado pré-sono... Mereceria esse sair do meu armário? Os fios de cabelo que guardei. A cartinha que recebi. O vestido que usei em minha festa de quinze anos! A página da revista que arranquei com o mais belo vestido, aquele que não usei. A tequila que me desceu rasgando. Ah, a primeira tequila. E agora choro. Vejo o quanto não passo de uma promessa. Um até logo, um até breve. Tudo aquilo que não disse ou que deixei de fazer. O sonho de ser uma estrela, de manter-se intacta, imune ao brilho das demais. Em meio a minha desordem, me vejo refletir naquela bagunça organizada. Vou engolindo a loucura, o orgulho, os bons livros que trago na estante empoeirada. Descabelada, alucinada, deixo a minha casa. A minha infância, repleta de dentes moles e fraldas frouxas. A minha adolescência, cheia de amores e desamores devidamente sofridos e degustados. As amizades que perdi, outras tantas que achei. E, quando necessário, toda a loucura sobrecarregada que joguei pro espaço e deixei rolar. To indo embora, embora eu vá sem trocar de roupa. Embora eu tenha medo dessa nova vida, dessa nova página... Então, fique por aqui, me veja sair, me faça companhia. Feche a porta as minhas costas. Conte até três e segure forte a minha mão. Mesmo que eu não conheça teu rosto, tua voz, mesmo sem saber se tua boca é amarga ou não... Eu to indo embora e preciso de alguém que segure minha mão.

Teus olhos

sábado, 23 de janeiro de 2010

Teus olhos castanhos me lembram os mares da Califórnia. Pela areia rala avistada nas águas cristalinas. Tão bom seria poder confiar nesse olhar, nesses olhos castanhos e traiçoeiros. Similares ao tom dos troncos e galhos gastos no nosso jardim. Ô olhar cruel, sai de mim. Faça esse favor, faça. Esqueça quem um dia te amou demais. Meu coração, cheio de aconchego, já ama outro rapaz. Tão bom seria se tivesses um olhar esverdeado, menos acovardado. Lindo seria de se ver, um olhar violeta, ou até mesmo azul turquesa. Pra quê queres olhos castanhos, moço? Já não te bastas tantas dúvidas e incompreensões? Tantas são essas contradições. Ainda assim, mantém olhos castanhos, vagos, alheios a corações. Moça... Guarda esse teu coração, vê se cuida e não solta mais não. Tem esse moço aí, esse moço bonito, de pele bronzeada, a te esperar. Ele pediu que te preparassem um pouco de café, até mesmo de chá. Há tanto não lhe vê, já nem sabes do que gosta mais. Moça, vá sim! Arruma já esse cabelo e põe algo bonito de vestir. Sorria como sempre costuma sorrir. Tome do café que ele te oferecer, sente onde ele te sugerir e o faça sentir... Sentir o quanto hoje, sem ele, está ainda - mais - feliz. Depois se vá, vá para longe e nada de sonhar. Deixe olhos castanhos para trás.

Muda esse olhar, muda esse olhar que eu odeio amar.
Teu coração é meu. Há tempos é assim. Teus olhos só abrem pra mim. Teu jeito é tão sereno, meu menino. Teu corpo, tão semelhante ao meu, encaixa-se bem só assim, só em mim. É que teus olhos só abrem assim, por mim. É que me disseram que sempre assim seria. Eu, tua menina. Ai de mim, por que sofro assim, um sofrer que já não cabe em mim? Ai, menino bonito, vem me ver. Diz que sim, ando perdendo meu sono por conta do'cê.