Meu estranho jeito de gostar... de você

sexta-feira, 16 de abril de 2010


Olha, eu tenho vontade de te escrever quase todos os dias. Poderia te mandar um email ou deixar completar uma das muitas ligações que me servem somente pra ouvir um pouco da tua voz. Mas as cartas, ah, as cartas são mais leves, mais poéticas e aconchegantes, também. Principalmente quando a encontramos, já envelhecidas, dentro de algum dos nossos baús de madeira, daqueles que usamos pra acomodar lembranças. Várias foram às vezes em que gastei meu ocioso tempo e minha caneta perfumada em um princípio de escrita. No entanto, foram as tentativas frustradas de encorajamento o que me fez desistir. Deixei-me acovardar, não quis sair da fadada zona de conforto que a solidão criara. O engraçado, porém, é que não sou assim. Talvez a timidez e as circunstâncias precárias tenham me calado por um tempo, no começo. Mas no decorrer, ao longo de tudo, seja breve ou não o percurso, eu sempre me solto, me precipito e me perco em falatório. Deixo fluir em palavras tudo o que se passa em minha mente. Facilmente eu iria te deixar a par dos meus sentimentos, das minhas intenções. Sempre fora assim. E eu estava certa de que seria sempre a menininha que escancarava o amor, que o rasgava em público e assustava a tantos, mas, principalmente, assustava e afugentava aquele que seria, certamente, o cara de sua vida. Então, você me apareceu. Lindo, formoso, cativante. E eu me deixei levar, me deixei crer que se tratava da criatura mais distinta de todo o mundo. Eu estaria amando você e, ainda assim, o perderia por não saber controlar meu entusiasmo. Terceiros me diziam que eu precisaria disfarçar, ocultar, acalmar. Fiz por medo de perdê-lo, mesmo achando que tudo seria mais fácil se houvesse clareza. Se eu conhecesse os teus reais sentimentos, limpos e frescos, como os meus - que eu não poderia demonstrar. Não me deixaram te amar como eu gostaria, como eu sabia que iria te agradar. Você não me deixou, não me deixa. Sinto que estamos deixando de ser, cada dia mais, o que éramos um para o outro: especiais. Estamos morrendo constantemente, e essa morte é o que me dói. E eu poderia te ligar agora, ou deixar-me concluir ao menos esta carta. Tanto seria dito, mas tanto! Veja só, o nosso amor não é pra amanhã, é pra hoje, feito café fresco que só serve se servido na hora. Aprende, a vida é hoje, a vida somos nós dois. Ainda quero você. Ainda quero que me toque nos cabelos, nos seios. Venha sussurrar carícias ao meu pé do ouvido, venha lamber-me e arrepiar-me os pêlos. Ainda sinto seu gosto na minha roupa. Faça-me esquecer teu rosto, meu nome, nosso cheiro. Não vou mais permitir que essas emoções se transformem em pó. Deixa-me falar, deixa a menininha mostrar que te ama. Benzinho, desistir de você seria desistir do meu padrão de qualidade de vida. Vida, essa vida, feito fita cor-de-rosa.

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