sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Tô com saudade de você, do teu calor, dos teus gemidos. Tô com saudade de você reprovando a minha roupa, dos teus discos, da tua voz rouca. Tô com saudade dos momentos de desejo infinito, de sono leve, de fácil riso. Te quero por inteiro. Tô com saudade de você me ligando a tarde inteira, dos beijos, das brincadeiras. Tô com saudade de você, meu melhor amigo, meu homem, meu menino. Tô com saudade de você, do teu toque, teu sorriso, dos lábios teus, do teu cinismo. Então não demora, trás minha paz de volta, carinho. Vem pra mim, vem de volta, com você, tudo a minha volta é lindo. Tô com saudade de você, do teu coração que costumava andar colado ao meu.

Quando a morte conta uma história (1)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

(O acidente)

A morte existe, não como a retratam, mas ela existe. Ela decide a forma como irá levá-lo, o quanto você deve sofrer e até mesmo quando você deve ir. Torça para que ela simpatize com você. Fria, não costuma se sensibilizar, bem, não costumava. Conheça agora a história da pequena Emmily, narrada pela própria morte. O dia em que a morte reparou pela primeira vez em uma de suas vítimas.

Acreditava ser um dia de trabalho qualquer, já estava decidido que o trem que cruza a Quinta Avenida com a Flexeiras iria colidir em um carro e uma criança de 6 anos iria morrer. Seria apenas mais um dia tedioso de trabalho, afinal, todas as pessoas falam de mim, temem a mim, mas nenhuma se importa realmente comigo. Quando alguém é levado, sentem pela pessoa, pela família, me condenam, mas nunca nenhum deles parou para pensar que eu esteja apenas cumprindo com minha obrigação. Nesse dia, no entanto, pela primeira vez alguém reparou em mim, uma menininha de 12 anos.
Me atrasei um pouco, mais alguns instantes e o carro conseguiria atravessar a linha do trem. No banco da frente, seguindo a risca o planejado, o pai falava ao celular. No banco traseiro, a irmã do menino que iria morrer, me olhava com uma expressão de espanto. Ela parecia pressentir o que iria acontecer, o coração palpitava, estava pálida, sentia calafrios. O irmão dormia deitado em seu colo, ela o abraçou com tanta força que chegou a avermelhar o braço do pequeno. Não permiti que ele despertasse. Ouviu o barulho do trem, uma forte luz no rosto, daí não viu mais nada.
Permiti que a criança ficasse desperta por cerca de cinco minutos. A menina tentava me convencer a deixá-lo ficar. Queria gritar, chorar, mas não se mexia. Estava em pânico. Naquele instante, percebi que ela parecia mais comigo do que eu poderia imaginar. Os grilos já começavam a cantar, as árvores aos poucos ficavam negras, os ventos eram intensos. Um guarda chegou ao local, procurava um responsável pelo acidente, como um culpado? O que, afinal, ele poderia fazer, me prender?
Decidi observar os passos daquela menina, sua curiosidade, pertinência, o súbito interesse por minha existência lhe condenou a uma vida guiada por mim. Daquele momento em diante, eu iria acompanhar cada perda e ganho daquela menina, até decidir em qual momento a levaria comigo.
O tempo foi passando, as coisas foram seguindo o seu rumo natural, as folhas secas aos poucos se renovavam. A menina foi crescendo, se adaptando a minha presença. Comecei a sentir um leve carinho por aquela que agora era uma mulher. Até que, recebi ordens superiores. Havia chegado o momento de levar Emmily. Quando a morte ocorre a uma pessoa "bem vivida", já em sua fase idosa ou até mesmo adulta, as pessoas tendem a "aceitar" melhor. Mas quando ela chega na ânsia de sua juventude, deixando sonhos, planos ao meio, cadernos em branco, roupas recém usadas no armário e um monte de disposição; o sofrimento e a recusa é bem maior. Chega a ser cômico, mas eu não poderia aceitar que Emmily passasse por isso. Eu que havia provocado tal sofrimento a tantos outros, não aceitava que uma jovem tão saudável fosse arrancada de sua realidade contente, apenas porque sua linha da vida é um pouco mais curta que a dos demais.
A morte não pode nutrir sentimentos por ninguém. É essa a lei da vida. É necessária a ida de alguns para a então chegada de outros. Seria em uma quarta-feira chuvosa, ela estaria de branco, com o cabelo preso. O dia do crime chegou...

Quando a morte conta uma história, você precisa parar para ouvir.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

E muitas vezes já me perguntei, me questionei, tentei entender quando foi, como foi, aonde foi que eu deixei de amar você. Quantas vezes já tentei ir pra longe, fugir, mas sem conseguir sair de ti. Queria poder compartilhar o quanto eu sofri, o quanto penei. Perto ou longe, aqui ou aonde, você ainda está. Está em todas as coisas, em todas as cores, em cada possibilidade e impossibilidade de todos os meus dias. Afinal, quando foi que eu deixei de te amar?
Você sempre me pareceu a mulher ideal. A forma como arruma cuidadosamente o cabelo e a mesma forma em que me obrigava a reparar apenas com o olhar. Se estava com fome, você me vinha com a carne, o chá da tarde. Eu um homem, você uma mulher. Os lábios pintados de vermelho indicando a tua personalidade, tua ousadia, garra e coragem de quem não costuma ficar parada em uma boate. Tua cara de gata, teu instinto animal, teu fio-dental. Pode ter sido ontem, hoje pela manhã ou a bastante tempo, mas eu deixei de amar você.
Você veio de longe, de um lugar que eu não conhecia e nem fazia questão de conhecer. Me apresentou os mil tons do teu céu, mostrou teu rosto, me abençoou, me beijou. Você não passava de um desejo que eu queria para mim. O natural nesse mundo é se desejar o sossego, constituir família, ter um bom emprego. Você veio de um lugar que eu não conheço, quebrou meus padrões, me mostrou que não era bem assim. Eu estou vivo, isso já é um milagre e sou um privilegiado. O reino dos céus é um direito, eu desejei ir para lá com você. Mesmo com tudo isso, não sei quando, onde, como, mas eu deixei de amar você.
Amor, eu sinto a sua falta, como quando você me disse que esperava um bebê. Naquele momento, eu senti a imensidão do amor de quem se ama. Você tem dom, sabe o tom. A melhor forma de adoçar meu café, de me pôr de pé pela manhã, de passar meu colarinho. Às vezes me pergunto se o que eu te dei foi muito pouco, hoje não é mais nada, afinal, eu deixei de amar você.
Sempre quis ter um amor real. Daqueles que tiramos de dentro de nós, dos nossos sonhos, e entregamos a alguém para que possa torná-lo real. E agora, o que eu vou fazer, como fico sem você? O seu nome ainda está gravado no meu braço, dentro de um coração vermelho. Não sei como, onde ou quando, mas deixei de amar você. O teu cheiro ainda está no travesseiro, o cachorro ainda espera na porta o seu retorno, o café não tem o mesmo gosto.

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sábado, 14 de fevereiro de 2009


Havia muita fumaça, alguns gritos, pouca luz. As crianças choravam, ouviam-se gemidos de animais sendo maltratados. Unhas quebrando, cabelos caindo, vozes cada vez mais abafadas. Todos sentiam fortes dores nas costas, as mãos estavam calejadas. As flores deixavam involuntariamente as pétalas caírem, estas eram levadas pelo vento até onde nossa vista não alcança. Não havia música, apenas ruídos. A grama estava seca, o sol fazia nossa pele arder. Os telefones não paravam de tocar, mas ninguém os atendia. O cheiro era insuportável, não encontrávamos formas de nos proteger. O preto e o branco prevaleciam, não havia brilho, poesia, fé. Algumas pessoas corriam, não sabiam para onde estavam indo. Outras lutavam contra a própria sombra, sentiam-se perseguidas. As ruas estavam escuras e desertas, o vento provocava determinados sons apavorantes. Ruas sem saída, fim de linha, portas trancadas. Algumas pessoas estavam sendo violentadas naquele momento, dariam tudo para sobreviver. Algumas pessoas estavam se cortando naquele momento, dariam tudo para morrer. Loucura, um bebia o sangue do outro. Os carros não ligavam mais, os rios secavam, o tempo começava a esfriar. A cidade parou por alguns instantes, as pessoas estavam envelhecendo, tornavam-se agora amarguradas, sofridas, dignas de pena.

Dias em que a tristeza toma conta da gente...

Love

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Hoje mesmo. Nunca imaginei que você continuasse a me amar, que você poderia voltar. Sabe aquele sossego, misturado com desejo, que te arrebata a qualquer hora? Hoje, só mesmo a solidão me basta, quero mais estar na minha tranquilidade, para que possa te escrever sobre o que ando sentindo, vivendo, sobre tudo o que eu tenho guardado a tanto tempo para lhe dizer. Amanhã é domingo, dia de almoçar com vinho, escutar uma boa música, beijar o mais molhado de todos os beijos. O tempo continua nublado, as plantas adoram chuva, mas o teu sorriso não permite que as nuvens tirem a beleza do sol. O frio ainda está ali, vamos passear de mãos dadas, dar risada, quero olhar na tua cara e dizer que estou amando. Amo como quando te vi pela primeira vez, aquela magricela que mal conseguia com os livros de pré-universitária. O frio é um motivo pra você me abraçar. Ainda lembro da nossa primeira conversa, você me parecia bem mais desinteressante do que realmente é. Tão sem graça, desengonçada, as unhas roídas. Você sabe o que me faz feliz? Lembrar das nossas idas a biblioteca, do teu rosto de boneca, da primeira vez que eu toquei você. Assim como um homem toca uma mulher, era a primeira vez. Cansei de me perguntar porquê você se foi, e aquela forte chuva celou o momento em que eu chorei. Você soltou a minha mão, disse que precisava de mais, que amava outro rapaz. Nunca imaginei que você poderia voltar, que iria me atormentar, tirar o chão sob os meus pés. Hoje tem curvas que antes não tinha, os cabelos agora possuem uma única cor. Minha barba arranha o teu rosto, meus dentes cruzam com os teus, deitado no teu colo, confusão, que loucura. Você adora caju, gramado molhado. Eu sou uma boa pessoa, você uma linda mulher. Quer cantar comigo, sonhar colado, dormir acordado, nadar no mesmo mar que eu mergulhei? Vamos engravidar, vamos brindar! Eu amo você, dona dos meus olhos, dos meus sentidos. Escrevi uma música, ela descreve os movimentos dos teus lábios, a perfeita simetria, a ligação entre a tua língua e a minha. Diz que me quer, eu te quero também. Faz as pazes comigo, cola teu corpo no meu, atende meus telefonemas, sou eu, o dono dos sonhos teus. As portas continuam abrindo, as pessoas vêm chegando, e cadê você? Não me deixe de novo, meu bem. Me diga por onde andam os teus pés pra que eu te siga, eu te quero tão bem. Se você vier comigo, prometo reparar a cada troca de roupa tua, comentar a cada vez que pintar as unhas. Não me canso de olhar pra você. Eu só tinha cinco anos, ainda assistia futebol com o vovô, ele costumava dizer: "Sabe aquele fusquinha? Está ali esperando por ti com a tua gatinha". E agora que eu amo você, o mundo não precisa de esforço pra me agradar. Só prometa que não vai me deixar.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A morte é uma idiotice, nada além disso. Tantas pessoas preocupam-se mais com ela que com a própria vida. Algumas vezes, ela usa artimanhas para se aproximar de você, descobrir suas fraquezas, seu ponto fraco. Depois de escolhido, é só uma questão de tempo. Minuciosamente, desvenda teus mistérios, apavora as tuas certezas, te observa a cada instante. Até que, quando menos se espera, te pega em uma tarde quente do mês de outubro. Talvez a caminho da escola, depois de uma briga com a esposa, durante uma noite de sono. Quando ela se interessa por alguém, pode demorar uma eternidade até levá-lo. Não por pena ou sensibilidade, a morte não expressa sentimentos, ela simplesmente achou sua trajetória de vida interessante e quer divertir-se um pouco mais. Trata-se de um jogo de sedução, é necessário saber envolver a morte, encantá-la. Quanto mais acuada, reprimida, temida ela se sentir, mais desejo de lhe ter por perto vai contrair. Não se esqueça que a morte não é nada além de uma grande idiotice. Quando resolve aparecer para uma pessoa já "bem vivida", digamos que o conformismo seja maior. Mas e quando ela põe fim aos sonhos e planos de um jovem na flor da idade? Revolta generalizada. É mais ou menos como um livro recém impresso, deliciosamente preparado, borbulhante de euforia e ansiedade, expectativas para uma nova vida, uma nova história. O livro fica pela metade, como uma rosa que foi arrancada antes de desabrochar. O sonho de fazer vestibular para medicina, de constituir família, de viajar pelo mundo, de plantar uma árvore ou fazer uma tatuagem... Fim do jogo.

Bons tempos

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009


Durante uma de minhas adoradas aulas de literatura, "meu" charmoso e galanteador professor citou a sutil diferença entre saudade e nostalgia. Ah, como eu adoraria chamá-lo de meu. Não me envergonho por assumir que só agora reconheço a real beleza de Machado de Assis. Nostalgia se assemelha aos meus sentimentos por meu professor - desejo, vontade de possuir - a sutil diferença é o fato disso nunca ter me acontecido antes. Não estou cobiçando uma situação vivida e saudosa, minha cobiça é por algo que estou em ânsia de viver.
Nostalgia é o que sinto quando me recordo dos bilhetes de amor nunca enviados, dos amassos que o pudor não permitiu que se finalizassem, dos beijos que chegavam ao fim por cansaço. Minha vontade em certos momentos é subornar um passarinho, com argumentos infundados, vindos do coração. Para que ele chegue até onde meus lábios não alcançam e cante para ti meus versos de solidão. Portanto, não se assuste se a um acaso um pássaro entrar pela sua janela e, através de prosas e velas, tentar te convencer que o melhor é voltar para mim. Fui eu quem mandou o malandrinho, pedi que lhe roubasse um beijo e voltasse até aqui. Como quem canta os versos que eu mesma fiz: "Ai que amor grande, sofrido, demente! Ai que saudade sem fim." (...) Das angústias fiz estes versos que viraram uma canção, relembrando o que hoje é minha nostalgia: meus tempos de boemia, embriaguez e paixão.

Se é pra falar de amor

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009


Faltava pouco para anoitecer, o sol já começava a dar vestígios de que muito em breve iria descansar. Não se preocupou com isso, nesse dia, por um acaso, não havia hora para voltar. Adorava analisar as cores. Nada lhe passava despercebido, fosse lugares, pessoas, objetos ou sensações. Algumas coisas, é verdade, possuíam mais nitidez. Não por serem mais importantes, mas, de alguma forma, prendiam sua atenção. Os fins de tarde, por exemplo, além de trazerem consigo aqueles ventinhos frios que lhe arrancam arrepios, possuem uma cor alaranjada que provoca felicidade e fascínio. Nesse fim de tarde, em especial, havia um detalhe que ocasionou um contentamento ainda maior: folhas secas espalhadas por todo o chão. Adorava pisar em folhas secas.

Não estava usando uma de suas melhores roupas, definitivamente. Também não se preocupou com isso. Havia lido a pouco tempo uma matéria de capa que dizia claramente que a moda dos tempos modernos estava intimamente ligada a simplicidade. Em outras palavras, dizia que hoje em dia adota-se "bum chic", ou seja, faça de conta que a roupa que você está usando foi a primeira que viu. Interrompeu seus pensamentos quando se viu parada, contemplando a vitrina de uma loja. Não se conteve, acabou por comprar o último frasco do perfume que mais gostava. Custou-lhe também o preço da condução, mas não se importou; seus olhos azuis brilhavam de uma forma diferente agora, comparavam-se ao azul daquele fim de noite. Naquele dia não havia nuvens no céu, sentou-se em um banco de praça e perdeu algum tempo contando estrelas.

Para as estrelas mais bonitas, deu o nome de seus melhores amigos. Por algum motivo, lembrava-se muito deles agora. Lembrou-se também da infância em Caxias do Sul, para onde mudou-se depois dos 10 anos. Adorou a mudança, pois aonde morava as estações não eram definidas. Em Caxias não, lá havia perfeitamente bem definido o verão, o outono, o inverno e a estação que mais gostava: a primavera. Fã declarada de cores, nutria verdadeira paixão pela época mais colorida do ano. E, provavelmente, seria a estação mais querida pelas fadas também. Nesse instante, os raios de sol já incomodavam os olhos que passaram tanto tempo atentos a madrugada.

Trânsito agitado, cheiro de pão com café, alguns com o privilégio de dormir um pouco mais, outros já estavam no banho. Casas conectadas ao primeiro noticiário do dia, aqueles que as pessoas só costumam assistir porque no horário só se passa isso e desenhos na televisão. Então, vamos corrigir: casas sem crianças estavam conectadas ao noticiário matinal. "Temperatura do dia, em média 28°C com previsões de chuva em áreas próximas ao litoral." A apresentadora tenta forçar um sorriso de quem adoraria estar na cama. "Foi encontrada morta em um banco de praça uma jovem de aproximadamente 19 anos, ainda não identificada.Trazia consigo um frasco de perfume, alguns rabiscos e um enigmático sorriso no rosto. Familiares, entrem em contato."

Ser ou não ser, eis a questão?

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009


Não se sinta culpado por não saber o que fazer da vida. As pessoas mais interessantes que eu conheço, não sabiam aos vinte e dois o que queriam fazer da vida. Alguns dos quarentões mais interessantes que eu conheço, ainda não sabem.
Parei, e pensei a respeito. Será mesmo que o que acreditamos hoje, ser o melhor para nós, é o melhor? Convenhamos, o que um país subdesenvolvido, onde mais da metade da população é privada de um estudo de qualidade, pretendia com a criação dessa prova que te abre as portas para o ensino superior? Logo o Brasil, um país tão sem-vergonha, tão manhoso e cheio de malícia. Costumo dizer que ser brasileiro é mais que uma nacionalidade, ser brasileiro está mais voltado a um estado de espírito. Se duvidar, até o sol custa a amanhecer por preguiça de acordar. Em um país que oculta crimes e corrupção com carnaval e futebol, que a mais bela cidade é também a mais violenta. Em que apenas a elite tem condições de pagar um bom estudo e, por consequência, tem o dobro das chances de ser aprovado na bendita prova, de que serve o vestibular? Serve para manter a elite no poder. Funciona mais ou menos assim: tenho dinheiro, banco uma boa escola, passo na federal ou curso uma faculdade particular; os melhores cargos em qualquer área, serão meus. Não tenho dinheiro, estudo em uma escola precária e muitas vezes preciso trabalhar para ajudar nas despesas de minha família. Certamente, continuarei em empregos medíocres, em termo de remuneração, assim como os meus pais e, se assim permanecer, como os meus filhos. O vestibular serve para motivar as pessoas, selecionar as melhores ou continuar oprimindo as classes desprovidas de renda? Chega a ser cômico, não?
Mas e para nós que somos a minoria, que estamos as vésperas desse momento, que precisamos nos decidir? Ok, deveria ser proibido impor a um jovem de 17 anos uma das decisões mais "importantes" da sua vida. Na juventude temos sede de vida, de aventura! Queremos descobrir, experimentar, conhecer... E, no entanto, é necessário escolher, já, "é pra ontem meninda, decida-se". Venho me atormentando com isso a bastante tempo, mas agora acho melhor aquetar meus ânimos e deixar que as coisas aconteçam naturalmente. Se o que eu escolher não der certo, deixa estar, tento de novo, e de novo, e de novo, até achar o que me agrade, afinal, posso fazer qualquer coisa que segundo Pedro Bial, ainda serei uma pessoa bem interessante.

Loucura é sorrir da vida

domingo, 1 de fevereiro de 2009



Das mais loucas e improváveis vontades que tenho nessa vida, desisto de poucas. Sou adepta da teoria que diz: "A vida tem a cor que você pinta". Loucura e inocência andam de mãos dadas, muitas vezes são interpretadas com sentido contrário, isso vai depender bastante do ponto de vista. Loucura para ti, acreditar em magia, em final feliz; loucura para o teu filho é acreditar em trânsito, em capitalismo. Loucura para ele, chuva em um sábado a tarde; loucura para ela é se aborrecer por tão pouco. Loucura para ela, comer até não suportar mais; loucura para ele é comer apenas quando é extremamente necessário, ou, acredite, quando possível. Loucura para ti é a fé incontrolável de certas pessoas, a ponto de abdicar de coisas prazerosas; loucura para mim, é não crer em nada. Felicidade e inconstância andam de mãos dadas. Têm dias em que um fim de tarde numa rede, vendo algum programa de tv idiota, te bastam e tu fica realmente bem feliz. Ou um beijo lento e demorado, ter uma companhia de quarto após um filme de terror a noite, sorvete com biscoito. Em outros dias, só mesmo aquela festa que todos vão, te satisfaz; só aquele vestido caríssimo ou a nota máxima na matéria que mais se tem dificuldade.

Dia de chuva, igreja lotada, cabelo horroroso. Missa conturbada, carona, atrasada. Beijo de despedida, frio, felicidade. Aquele momento não voltou a se repetir, mas o guardei comigo.

As melhores sensações na vida acontecem quando menos se espera, quando menos se acredita que elas possam acontecer. A loucura está intimamente ligada a felicidade, em todos os sentidos. Somos loucos por nos apaixonar, nos submeter ao inesperado; olhos vendados para tudo e para todos, pelo tempo em que esse sentimento persistir. Loucura sim, loucura essa que proporciona os melhores e mais complexos momentos de contentamento e felicidade para seus insanos. Loucura, perder tardes e noites de festas com os amigos para estudar; ficar de fora das novidades, dos risos. Loucura essa que te proporciona um dos maiores orgulhos e um dos momentos mais felizes da tua vida; o momento em que reconhecem o teu empenho e que tu vê todos ficando para trás; não porque eles deixaram de dar esse importante passo na vida, e sim porque você alçou voo mais alto. Alguns chamam loucos aqueles que buscam seu melhor método de ser feliz, aqueles que possuem todas as cores e que sabem a melhor forma de colorir a própria existência. Chamo loucos aqueles que se contentam com tão pouco, que criticam a loucura por medo de encará-la. Chamo loucos os que fazem de sua vida um show em preto e branco.