quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A morte é uma idiotice, nada além disso. Tantas pessoas preocupam-se mais com ela que com a própria vida. Algumas vezes, ela usa artimanhas para se aproximar de você, descobrir suas fraquezas, seu ponto fraco. Depois de escolhido, é só uma questão de tempo. Minuciosamente, desvenda teus mistérios, apavora as tuas certezas, te observa a cada instante. Até que, quando menos se espera, te pega em uma tarde quente do mês de outubro. Talvez a caminho da escola, depois de uma briga com a esposa, durante uma noite de sono. Quando ela se interessa por alguém, pode demorar uma eternidade até levá-lo. Não por pena ou sensibilidade, a morte não expressa sentimentos, ela simplesmente achou sua trajetória de vida interessante e quer divertir-se um pouco mais. Trata-se de um jogo de sedução, é necessário saber envolver a morte, encantá-la. Quanto mais acuada, reprimida, temida ela se sentir, mais desejo de lhe ter por perto vai contrair. Não se esqueça que a morte não é nada além de uma grande idiotice. Quando resolve aparecer para uma pessoa já "bem vivida", digamos que o conformismo seja maior. Mas e quando ela põe fim aos sonhos e planos de um jovem na flor da idade? Revolta generalizada. É mais ou menos como um livro recém impresso, deliciosamente preparado, borbulhante de euforia e ansiedade, expectativas para uma nova vida, uma nova história. O livro fica pela metade, como uma rosa que foi arrancada antes de desabrochar. O sonho de fazer vestibular para medicina, de constituir família, de viajar pelo mundo, de plantar uma árvore ou fazer uma tatuagem... Fim do jogo.

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