Querido Matheus,

domingo, 30 de agosto de 2009

Hoje eu comprei uma caneta colorida e perfumada. Qualquer coisa que eu possa fazer para deixar esta carta mais bonita, eu farei. Não me ache estranha, por favor, e desconsidere meu nervosismo, só estou meio acanhada. Bem, não sei ao certo o dia em que o vi pela primeira vez, mas lembro-me de o ter achado um menino muito bonito. Talvez seja a sua forma de andar. Por favor, isso em mim, não estranhe também. Algumas gostam de mãos e ombros largos, eu gosto mesmo é da leveza com que movimenta as pernas e sua delicadeza ao quebrar o quadril. Mais que lindo o seu andar, é tão... tão... tão sensual. Nem sei dizer, mas sei que foi o que primeiro reparei em você. Logo após, me veio o teu tom de voz. Tua fala, além de grave, é rouca também. Mas quando ri, afina, de leve, quase sem se sentir. Não me pergunte como eu já a ouvi, pois isso, também não saberei dizer. Talvez em uma das inúmeras vezes em que sonhei com você. Só continue a sorrir, mesmo sem saber que o teu sorriso torto e de dente amarelado, eu roubo para mim. Eu não estou apaixonada por você, só o acho um menino bonito. Como naquela tarde em que escorou-se na cadeira de plástico e apoiou os pés descalços em uma outra a sua frente. A caneta estava mastigada na tampa e encaixava-se perfeitamente entre sua cabeça e a orelha compridinha. Sua testa estava franzida e a página estava aberta em algo de física. Estava bonito, tão bonito. Continue olhando para mim, se quiser. Caso não queira, tudo bem. Só faça de conta que me entende enquanto faço de conta que te conheço muito bem.