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sábado, 14 de fevereiro de 2009


Havia muita fumaça, alguns gritos, pouca luz. As crianças choravam, ouviam-se gemidos de animais sendo maltratados. Unhas quebrando, cabelos caindo, vozes cada vez mais abafadas. Todos sentiam fortes dores nas costas, as mãos estavam calejadas. As flores deixavam involuntariamente as pétalas caírem, estas eram levadas pelo vento até onde nossa vista não alcança. Não havia música, apenas ruídos. A grama estava seca, o sol fazia nossa pele arder. Os telefones não paravam de tocar, mas ninguém os atendia. O cheiro era insuportável, não encontrávamos formas de nos proteger. O preto e o branco prevaleciam, não havia brilho, poesia, fé. Algumas pessoas corriam, não sabiam para onde estavam indo. Outras lutavam contra a própria sombra, sentiam-se perseguidas. As ruas estavam escuras e desertas, o vento provocava determinados sons apavorantes. Ruas sem saída, fim de linha, portas trancadas. Algumas pessoas estavam sendo violentadas naquele momento, dariam tudo para sobreviver. Algumas pessoas estavam se cortando naquele momento, dariam tudo para morrer. Loucura, um bebia o sangue do outro. Os carros não ligavam mais, os rios secavam, o tempo começava a esfriar. A cidade parou por alguns instantes, as pessoas estavam envelhecendo, tornavam-se agora amarguradas, sofridas, dignas de pena.

Dias em que a tristeza toma conta da gente...

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