Insônia

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Já passava das 3 da manhã quando a chuva grossa atravessou as cortinas amarelas e entrou pela janela do meu quarto. Não que isso tenha me despertado, pois, na verdade, eu permanecia acordada, apenas com os olhos fechados, após muitas tentativas frustradas. Já havia jogado no celular, pensado em todos os meus amores do passado e do presente, ouvido música e ido ao banheiro. Quando, finalmente, começo a levar em consideração a possibilidade de contar carneirinhos, a chuva tira minha concentração. Com esforço, abri os olhos e analisei se o computador estava a uma boa distância da janela. Voltei a fechá-los. Entenda que estar acordado é bem diferente de ter disposição. Procurei o melhor lugar para encaixar sob o lençol meus pés e braços, mas um sempre era submetido ao vento frio da madrugada. Achei que o melhor seria mesmo levantar e fechar a bendita janela. Busquei forças, sabe-se lá de onde, e fiquei de pé naquele chão congelado. Nesse exato momento, me senti a Rose em pleno Titanic. Bem, teoricamente me faltava um Jack, mas eu levaria horas pensando sobre o assunto, então, achei melhor desviar minha mente de qualquer conto de fadas, afinal, já passava das 3 e eu estava congelando, dormindo em pé. Precisava me manter no foco: fechar a janela. Caminhei um pouco, usei a cortina amarela como cobertor e observei. No apartamento ao lado, a luz da sala estava acesa e um homem, de atitudes estranhas e aparência nervosa, andava de um lado para o outro. Ele não estava com nada nas mãos, mas algumas vezes aplicava um golpe involuntário no sofá. Torci para que não houvesse ninguém deitado ali. E se ele fosse um assassino ou ladrão? Sua roupa combinava perfeitamente com isso: listras brancas com listras pretas. Ele poderia muito bem ter chegado em casa após uma noite de orgia e embriaguez, e, a pobre mulher, na ilusão de buscar alguma satisfação, foi violentamente perfurada por uma faca de cozinha. Ele a deitou no sofá e ficou em estado de choque, analisando a melhor solução. O que diria aos parentes? Aonde poderia colocar o corpo? O homem acendeu um cigarro e fechou a sua própria janela. "Coisa que eu já devia ter feito", pensei. Saiu da sala, poderia ter ido pegar um saco qualquer ou um preto e grande, como os dos filmes de terror. A luz ainda estava acesa. Foi quando me dei conta de que a do meu aposento estava apagada. Eu estava com sono, frio, medo e sonhando acordada. Fechei a janela, deitei e pensei: "amanhã vou escrever sobre isso".

1 comentários:

:) disse...

quanta imaginação kkkkkk!
adorei