Alguns dias

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Há dias fui para a casa de uma amiga e após um momento de nostalgia misturado com diversão, escrevemos em alguns rabiscos uma promessa minha para um futuro, esperava eu, não muito distante. Criei planos, imaginei inúmeras situações. Esperança, esse é o nome. Passado mais alguns dias, cá estou eu na casa dessa mesma amiga, mas meus sentimentos são completamente opostos aos daquele dia. Nada me basta. Sentei, vi o que não devia ver, ouvi o que não devia ouvir, chorei. Achei um bom lugar, orei, pedi um sinal, uma resposta, um porquê. Tenho família, amigos, tive um dia maravilhoso, mas por que me sentia daquela forma? Eu não faço a menor questão de ir para uma festa ou pra qualquer lugar que seja, eu queria vê-lo, apenas. Será que é tão difícil assim de alguém me entender? Será que ao menos uma das minhas amigas pode olhar pra mim e dizer: "tá tudo bem, vai passar". Mas não, nenhuma se manifestou. A minha vontade era de sair correndo, ir pra bem longe de tudo isso. Me esconder, me refugiar, sumir. O cantinho entre a parede, a cama e o guarda-roupa me pareceu uma boa opção. E os rabiscos de alguns dias atrás eu rasguei, amassei, colei. Formou-se um coração, na verdade metade dele. Aonde estaria a outra metade? Fácil de responder. A calça amassada, usada na noite anterior, possuía as nossas iniciais na etiqueta. Foi a segunda coisa que vi. E, no final, ao olhar mais uma vez pra metade daquele coração formado com pedacinhos de um futuro planejado e logo entendido como ilusão, pedacinhos de papel rabiscado a alguns dias atrás... Eu vi. Ele piscava pra mim. Ninguém poderia entender o que isso significou e tenho certeza que também não entendem o que eu estou escrevendo. Meu Deus, ele piscava pra mim, e piscava, e continuava piscando. Desisti de jogar aquele papel picado e amassado no lixo. Se eu pedi sinais, respostas, será mesmo que isso valeu de alguma coisa? Na verdade não, pois me fez acreditar. Como não desistir? Estou de braços e pernas atados a uma distância enorme da sua presença física e sem qualquer pretensão de encontrá-lo, não em breve. Como não desistir? Quem sabe daqui a alguns dias.

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