Ê saudade!

sexta-feira, 3 de abril de 2009


Porque chega um momento em que cada um deve seguir seu próprio curso, ir em busca da própria história. Nessa bobeira da vida, acabamos deixando de lado cristais brutos, lapidados com muito amor. E nesse clima de partida, como consequência da vida, ocasionalmente conhecemos a saudade - lembrança triste e suave de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de as tornar a ver ou possuir.
Mais encantador que acompanhar nosso próprio crescimento é admirar o das pessoas que nos cercam. Tão bom ver de perto a juventude, tudo leve, fresco, poético. Uma beleza só, como uma canção ainda por se compor. Condenados e ligados a nada além da própria liberdade. Uma vontade de conhecer, se renovar, apaixonar-se todos os dias por pessoas, coisas e lugares.
Alguém muito bondoso, tratou de criar a saudade. Isso é bem coisa de brasileiro, é tanto que esse termo só existe no nosso dicionário. Egoísmo seria, tomar por posse tudo e todos que queremos bem, impedindo que outras pessoas desfrutem de tanto bem querer. E como obrigação de mantê-las por perto de alguma forma, ficam as lembranças, a saudosa vontade de gritar que se ama, que se sente só, que se quer de volta. Seja dividindo momentos do dia-a-dia ou nos falando apenas quando Deus manda, dividindo encontros e despedidas, ou narrando a própria partida.
No entanto, enquanto as estrelas brilharem e sonhos brotarem no meu coração, eu vou lembrar de vocês. De cada paixão, cada amor de amigo. Os levarei eternamente comigo. Cheiro de pão com café, lençol lavado, roupa passada, terra molhada. O primeiro beijo, o primeiro 'eu te amo', o primeiro 'pra sempre' que durou um mês. Eu vou por aí, regando com amor cada despedida.
Só mesmo quem se faz presente, leal aos versos do verão passado. Só mesmo quem tem uma canção, um nó de união, sonhos de plantão. Só mesmo quem fala abobrinha cheia de abobrinhas e divide o mesmo colchão. Só mesmo quem senta e nem fala, por tanto tempo, e nem sente nada. Só mesmo assim perdura, eternamente dura. Recolho meus cacos e sigo, como quem nada quer e tudo quer.

0 comentários: