terça-feira, 24 de novembro de 2009

Não havia palavras, nem mesmo murmúrios quase calados. Havia olhares. Olhares apenas. Desses olhares acanhados que se formam com massa fina, quase imperceptível ao paladar. Olhares que se cruzam e despertam arrepios nervosos, cheios de censura. Não devia ser permitido gostar assim. Gostar tanto de um olhar sem expressão. Um olhar calado, carecendo de atenção. Tão malvado, tão constrangedor. Há tão pouco ela o vira e fora vista. Antes, ela o via só. Seu olhar andava vago, desconsertado, cheio de pavor. Mas nutria uma esperança: a do olhar do ser amado vir de encontro ao seu, o amador. Sentiria um fervor invadir-lhe o peito e desfazer-se em mãos tremulas e cenas vãs. Estaria, então, perdida em devaneios e sonhos seus, não mais seus, agora alheios. Andaria tonta, seria o amor.

Ai, que menino bonito, do cabelo claro e liso, com um quê de raio de sol.

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