Querido Matheus,

domingo, 6 de setembro de 2009

Moro em uma casa engraçada. A grade da janela do meu quarto está um pouco enferrujada. Na sacada, algumas folhas meio amareladas. Ouço ruídos de sorrisos vindo da escada. Meu coração está quieto, assustado. Os passos são leves, como brisas de uma manhã com o rosto exposto ao sol. Posso até sentir o teu calcanhar pulsar de encontro ao próximo andar. Tem uma flor murcha presa no meu cabelo cor de marfim. O relógio de pulso parece estar parado, esqueci de organizar as roupas amontoadas no armário.

Poderia compor uma sinfonia, criar a mais bela melodia. Poderia te ensinar a dançar, deixar o fresco ar nos guiar. Poderia até te desenhar, ressaltando os traços das tuas bochechas e os fios das tuas sobrancelhas. Poderia ser borboleta, você, meu passarinho.

Ah passarinho, voa por aqui. Sobe de leve pela escada da minha casa envelhecida, sem fazer estrondo. Como num sonho pouco comum, vem me despertar acariciando minha pele.

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