O começo do fim (1)

domingo, 13 de setembro de 2009


Perdoem meus erros imperdoáveis. Se antes eu não sabia o que fazia, hoje, ainda não sei. É preferível lembrar o que foi bom. Aqueles risos que ousaram ao acreditar que jamais chegariam ao fim. Aquelas tardes silenciosas em que nos uníamos pelo simples prazer de estarmos juntos. Aquele choro salgado que se tornou doce ao misturar-se com o teu sorriso. Aquela vontade de ficar perto e brindar à liberdade, à grandeza e imensidão de possibilidades por sermos jovens. Não me vire o rosto, estenda-me a tua mão. Eu quero ver todos os músculos do teu rosto se contrair quando você sorrir para mim. Não tive a intenção de te magoar, jamais passara por minha cabeça te deixar. Esse poderia ser o nosso final feliz. Todos vocês, foram tantos os que passaram por mim, e eu ainda não esqueci. Me falta esquecer o cheiro de cada cabelo, o toque de cada abraço e o calafrio de cada beijo. Se antes poderíamos ser qualquer coisa, tudo aquilo que quiséssemos, hoje, ainda é assim. Como passarinhos que cortam o horizonte e fazem seus ninhos sobre telhas e sob estrelas. Como peixinhos azuis que bastante satisfeitos com a própria vida, não se aventuram a viver fora d'água. Como aqueles balões coloridos que usei pra comemorar teu último aniversário, mas que poderiam me levar às alturas, onde somente as nuvens me fariam companhia. Perdoe-me as piadas infames, os risos estridentes, a ausência que se fez presente. Tudo aquilo que deixamos pra depois. O rosto pintado com pó de arroz, o primeiro amor que não durou para sempre. Estamos chegando ao fim, e esse poderia ser o nosso final feliz. Deixemos as sobras para depois, há tão pouco tempo para tudo o que ainda não vivi. Um novo mundo nos espera, onde não sei se o ruído do vento junto ao seu sopro a bagunçar meu cabelo, fará meu pé esquerdo levitar ao trocar contigo aquele olhar e o teu lábio morno vir de encontro ao meu. Deixemos as sobras para depois, vamos aproveitar o amor que resta a nós dois. Só enquanto somos jovens, enquanto estamos aqui. Porque metade de mim sou eu mesma, e a outra metade são vocês.

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