Havia muito afeto, beijinhos, chamegos e afins. Aquele gostinho de primeiro amor com cheirinho de limão. Depois de um tempo, cadê o sol, o céu, o mar? Minha vista estava obstruída por um único rosto. A beleza das estrelas não havia ido embora, ela apenas estava completamente concentrada naquela feição. Feição esta, que por alguma razão, eu não podia - e nem queria - apagar de minha memória. Experimentei beijar apaixonada, andar de mãos dadas, sonhar acordada. Experimentei fazer poesia, flutuar a luz do dia, esquecer da comida. Experimentei meu primeiro “eu te amo”, experimentei fazer planos, experimentei o odor azedo dos ciúmes de meu pai. E de repente havia cor, luz, brilho. Havia os teus sorrisos retribuindo os meus. E para mim estava tudo bem, e sempre estaria, enquanto eu estivesse aqui, contemplando a sua beleza e recebendo seus carinhos.
"Onde você se esconde, aonde te encontrar, em um lugar bem longe, em minha cabeça? Onde você se esconde, que nome você tem? Se você mora em Londres, se você tem alguém. Meu amor, me dê um sinal, dê um toque paranormal. Quero toda sua alegria, dias, dias, dias e dias. Será que é um sonho, será que é real, e vai marcar pra sempre a minha vida? Será que é do bem, será que é cruel, um anjo descuidado que vai cair do céu? Meu amor, me dê um sinal... Eu quero encontrar você, pra gente namorar a vida inteira. Eu quero namorar você, pra gente se encontrar a vida inteira."
Eu esperei o sol nascer, esperei você ir embora, para só então retroceder. Voltar ao tempo em que tudo estava bem, voltar ao tempo em que você estava aqui, voltar ao tempo em que eu sabia mais de mim. Eu costumava saber um pouco de tudo, conhecer meio mundo, ir e vir sempre que quisesse. Eu esperava e acredita muito mais em tantos outros. Dançava ao andar, pouco precisava falar. Havia sol e poucas nuvens, mas hoje, amor, está frio lá fora. Voltar ao tempo em sorrisos me eram dados facilmente e em que eu punha a mão no fogo por minha gente. Voltar ao tempo em que você procurava por mim e juntos fazíamos planos sem fim. Mas nem todo livro possui um final feliz, assim como até os melhores beijos chegam ao fim. E hoje, amor, está frio lá fora.
Melhor lembrança :)
quinta-feira, 16 de abril de 2009

Me custa acordar cedo, levantar antes mesmo do sol se espreguiçar. No entanto, lembro-me que é você quem está ali, deitada ao meu lado. Visto meu melhor sorriso, engano meu humor azedo e te beijo com gosto de hortelã. Me angustia pensar em mais um dia de trabalho, em minha cabeça antecipo as dores do cansaço. No entanto, lembro-me que é a nossa casa que preciso sustentar, que é a você que preciso agradar, mantendo a conta alta no florista da esquina. Visto meu melhor casaco, engano a barba por fazer e te beijo com gosto de café. Me entristece ficar sem a tua companhia. No entanto, lembro-me que hoje é quinta, e que às quintas costumamos almoçar no mesmo local. Visto meu melhor paladar, engano a fome soberba e te beijo com gosto de feijão. Me aborrece a fumaça que sopra dos prédios, o barulho dos carros, o sol forte e ardente. No entanto, lembro-me que teus cabelos são dourados, que brilham e entontecem como os raios de sol, e que a tua voz é doce e suave, como uma canção de ninar. Visto meu melhor contentamento, engano a saudade que sufoca e te beijo com gosto de querer. Me convém seguir o caminho de volta. No entanto, lembro-me que é preciso passar na padaria, falta queijo para o jantar. Visto meu melhor tato, agilizo as coisas e te beijo com gosto de vinho e bolonhesa. Me satisfaz o momento de ir deitar. No entanto, lembro-me que ainda há muito o que fazermos antes de adormecer. Visto minha maior alegria, guardo minhas melhores lembranças e te beijo vários beijos de paixão.
Ê saudade!
sexta-feira, 3 de abril de 2009

Porque chega um momento em que cada um deve seguir seu próprio curso, ir em busca da própria história. Nessa bobeira da vida, acabamos deixando de lado cristais brutos, lapidados com muito amor. E nesse clima de partida, como consequência da vida, ocasionalmente conhecemos a saudade - lembrança triste e suave de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de as tornar a ver ou possuir.
Mais encantador que acompanhar nosso próprio crescimento é admirar o das pessoas que nos cercam. Tão bom ver de perto a juventude, tudo leve, fresco, poético. Uma beleza só, como uma canção ainda por se compor. Condenados e ligados a nada além da própria liberdade. Uma vontade de conhecer, se renovar, apaixonar-se todos os dias por pessoas, coisas e lugares.
Alguém muito bondoso, tratou de criar a saudade. Isso é bem coisa de brasileiro, é tanto que esse termo só existe no nosso dicionário. Egoísmo seria, tomar por posse tudo e todos que queremos bem, impedindo que outras pessoas desfrutem de tanto bem querer. E como obrigação de mantê-las por perto de alguma forma, ficam as lembranças, a saudosa vontade de gritar que se ama, que se sente só, que se quer de volta. Seja dividindo momentos do dia-a-dia ou nos falando apenas quando Deus manda, dividindo encontros e despedidas, ou narrando a própria partida.
No entanto, enquanto as estrelas brilharem e sonhos brotarem no meu coração, eu vou lembrar de vocês. De cada paixão, cada amor de amigo. Os levarei eternamente comigo. Cheiro de pão com café, lençol lavado, roupa passada, terra molhada. O primeiro beijo, o primeiro 'eu te amo', o primeiro 'pra sempre' que durou um mês. Eu vou por aí, regando com amor cada despedida.
Só mesmo quem se faz presente, leal aos versos do verão passado. Só mesmo quem tem uma canção, um nó de união, sonhos de plantão. Só mesmo quem fala abobrinha cheia de abobrinhas e divide o mesmo colchão. Só mesmo quem senta e nem fala, por tanto tempo, e nem sente nada. Só mesmo assim perdura, eternamente dura. Recolho meus cacos e sigo, como quem nada quer e tudo quer.
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